sábado, 30 de julho de 2016

Por que a esquerda pequeno-burguesa é tão golpista? – Diário Causa Operária Online





Por que a esquerda pequeno-burguesa é tão golpista?

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Nesse dia 15 de julho, um golpe militar teve início na Turquia e acabou derrotado pela população, que saiu nas ruas, enfrentando o toque de recolher, para atacar os militares, inclusive os tanques, com o que tinham nas mãos.
Não é de hoje que Erdogan, presidente do país, está ameaçado de golpe. E também não foi a Turquia a primeira vítima de um.
Uma vitória como essa deveria entusiasmar qualquer espírito de esquerda, democrático, principalmente no Brasil, país onde se trava nesse momento uma luta contra um golpe que ameaça toda a população. Mas não foi assim que as coisas aconteceram.
Em lugar de comemorar a vitória popular sobre os golpistas, a esquerda pequeno-burguesa lamentou. As explicações são variadas e extravagantes: ou Erdogan teria encenado o golpe contra ele mesmo, ou ele é o verdadeiro golpista ou simplesmente os golpistas seriam melhores do que ele ou ainda nem golpistas nem Erdogan merecem ser apoiados, o que é uma defesa velada do golpe.
Sobre os golpes de Estado, é importante lembrar que em 2009, o golpe contra o presidente hondurenho Manuel Zelaya mostrou que a política do imperialismo passava a ser a do golpe de Estado. Já na ocasião esse jornal ressaltou que apesar de sua aparência constitucional, parlamentar, tratava-se de um golpe de Estado típico e que logo eles passariam a ser tão violentos como os da década de 1960 e 1970.
A este se seguiu o golpe do Paraguai, da Ucrânia, da Tailândia e do Egito (para citar alguns dos vitoriosos e mais significativos). Se o do Paraguai foi inicialmente “branco”, por meio de uma manobra parlamentar, o do Egito foi bastante sangrento, com milhares de prisões e inclusive execuções de civis que tentaram reagir aos militares.
Os que não tiveram um caráter imediatamente violento foram justificados pelo imperialismo como tendo sido fruto de um processo legal. É o caso do Brasil, por exemplo. Já os que utilizaram a força diretamente foram justificados como sendo a representação da “vontade do povo”. Grande parte da esquerda pequeno-burguesa inicialmente se calou, para depois cair no conto da “revolução popular” contra os governantes direitistas. No Brasil, apenas depois que o país inteirou gritou “golpe” e que a presidenta foi afastada é que parte dessa esquerda disse ver o golpe, enquanto outra parte continuou insistindo que não há golpe algum e que Dilma deve mesmo cair. Além disso, formou-se um outro acordo entre este setor: o golpe deve ser derrotado, mas Dilma não deve voltar, ou seja, o objetivo do golpe de qualquer modo estaria realizado.
Que o imperialismo tente negar a ocorrência de todos eles é natural, afinal não é boa publicidade apoiar golpes de Estado. Mas o que pode surpreender a muitos é que a esquerda também negue a ocorrência deles.
Mesmo com os tanques saindo às ruas, a esquerda pequeno-burguesa ainda duvida e nega o fato. Erdogan é burguês, é direitista? Sem dúvida. Mas justamente o que a esquerda ainda não percebeu é que os golpes de Estado não são dados contra os “bonzinhos”, nem contra esquerdistas revolucionários. Na realidade, o caso de Erdogan mostra que até mesmo os mais direitistas podem ser derrubados por não contemplarem os interesses do imperialismo.
Seja o golpe de aparência democrática, seja o golpe abertamente militar, o fato é que a esquerda pequeno-burguesa não consegue reconhecê-lo, muito menos quando está diante do seu nariz. É uma esquerda que por sua própria natureza de classe é refém da política e das manobras do imperialismo autodenominado democrático e, pior, tem uma crença inabalável no conto de fadas da democracia.
Por que a esquerda pequeno-burguesa é tão golpista? – Diário Causa Operária Online

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